Já passaram alguns meses desde que, a LAUAK Setúbal e a Mecahers (na qual se inclui a Aerosphere), ambas empresas do setor de fabricação de peças aeronáuticas, com cerca de 500 trabalhadores no seu conjunto, anunciaram a deslocação de toda a sua produção da região de Setúbal, com destino ao Alentejo.
Até aqui poderíamos não ter nada a dizer , não fosse o facto de em ambas as empresas, as condições de transferência, apresentadas por estas, não irem ao encontro dos direitos dos trabalhadores e entrarem em clara “rota de colisão” com o que por estes é considerado justo, quando lhes é exigida uma mudança radical na sua vida.
O processo de transferência da produção irá ser executado até ao final de 2022 no caso da Lauak e no caso da Mecahers a administração da empresa já comunicou que será concluída até ao final de Novembro de 2021.
Apesar do anúncio da transferência ter sido efetuado há já alguns meses, para além da data prevista para a conclusão do processo de transferência, os trabalhadores da Lauak e da Mecahers, desconhecem os planos da transferência e continuam atualmente com a sua vida meio suspensa, sem saberem o que o dia de amanhã lhes reserva, até porque para aqueles trabalhadores que não têm condições de acompanhar a transferência de produção, devido ao prejuízo sério que tal lhes causará, não existem até ao momento quaisquer soluções.
O que pode ser mais fácil para gestão, pode não ser o mais adequado para o bom funcionamento da empresa, para a saúde dos trabalhadores e para a conciliação da sua atividade profissional com a sua vida familiar.
Recordamos que ambas as empresas, promoveram em 2020 processos de despedimento coletivo, que na totalidade levou à perda de cerca de 200 postos de trabalho.
A luta é o caminho!
Perante a situação de encerramento das instalações em Setúbal e a incerteza do seu futuro os trabalhadores destas empresas decidiram publicamente denunciar a situação vivida e exigir a melhoria das condições da transferência do posto de trabalho, e estiveram ontem, pela manhã, concentrados em forma de protesto junto à entrada do Parque Industrial Bluebiz, em Setúbal.
Mas a luta não ficará por aqui, durante a concentração estes trabalhadores decidiram fazer nova ação de luta já no próximo dia 29 de Julho, no período da manhã, em Lisboa, junto à Residência Oficial do 1º Ministro António Costa, Para exigir do governante explicações sobre as condições de atribuição dos apoios comunitários, uma vez que qualquer uma destas duas empresas beneficiou desses apoios para a sua instalação em Portugal e para a formação de trabalhadores, numa àrea de atividade que deixará de estar presente na região.